Uma vida entre o saber e a justiça: professora e advogada trabalhista
Uma vida entre o saber e a justiça: professora e advogada trabalhista
Ao completar meio século de vida, sendo parte dele dedicado à docência e à advocacia trabalhista, minha trajetória representa não apenas conquistas individuais, mas também o reflexo de transformações sociais profundas.
Como professora, fiz parte de uma das instituições mais fundamentais da reprodução social: a escola. A docência, especialmente no Brasil, é uma profissão marcada por ambiguidades. De um lado, é vista como vocação, missão. De outro, é desvalorizada economicamente e socialmente. Ao escolher (ou ser escolhida por) essa profissão, me posicionei no centro de uma das principais arenas de disputa de sentidos: a formação de consciências, a transmissão de saberes, a construção de cidadania.
Como advogada trabalhista, minha atuação se estende para outro campo de lutas igualmente simbólico e material: o do trabalho e dos direitos. Num país com raízes históricas em regimes de exploração — da escravidão à informalidade moderna — lutar por direitos trabalhistas é atuar diretamente contra estruturas que perpetuam desigualdades. A justiça do trabalho, aliás, sempre foi alvo de tensionamentos ideológicos: entre a proteção ao trabalhador e os interesses do capital.
Ser mulher nesses dois espaços — educação e direito — também carrega uma camada extra de significados. São profissões feminilizadas em número, mas muitas vezes masculinizadas em prestígio e poder. A presença nesses ambientes, então, é também resistência e afirmação.
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